8º Fórum Mundial da Água: 1 em cada 6 cidades do Brasil corre risco hídrico
Escassez e insegurança hídrica não se reportam mais somente ao Nordeste', afirmou Helder Barbalho no 2º dia do evento, em Brasília
20/03/2018 23h15 - Por: STJ

Pelo menos 917 municípios brasileiros apresentam algum risco relacionado à seca e à falta d’água. O número corresponde a 16% do total de cidades do país, ou uma a cada seis. O dado foi apresentado nesta terça-feira (20), pelo ministro da Integração Nacional Helder Barbalho, no segundo dia do Fórum Mundial da Água, em Brasília.
O levantamento se refere aos municípios que tiveram situação de emergência reconhecida pelo governo federal nos últimos 180 dias, até esta terça (20). Isso significa que essas prefeituras pediram ajuda à União para lidar com a estiagem – e que o número real pode ser maior, já que nem todos os gestores locais tomam essa atitude.
O número foi citado no painel “Crise Hídrica no Brasil”, que mostrou a representantes de mais de 170 países, as soluções inovadores aplicadas pelos governos do Distrito Federal e São Paulo no enfrentamento à crise hídrica.
Como exemplo de boas práticas na superação da crise, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), citou o programa Produtor de Água – que concede incentivos financeiros a produtores rurais -, a revitalização de canais do DF que “têm ajudado a aumentar o volume de água da bacia do Descoberto”, além de investimentos em obras de drenagem e saneamento.
Na mesa assistida pelo príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, Rollemberg afirmou que, apesar da crise financeira enfrentada pelo GDF, “o governo conseguiu liberar financiamento de R$ 20 milhões destinados ao saneamento, obras de tratamento de agua e infraestrutura urbana de drenagem pluvial”.
A fala do governador se refere à crise hídrica enfrentada há pouco mais de um ano pelo Distrito Federal, considerada uma das piores da história desde a criação de Brasília, em 1960. Os moradores da capital enfrentam rodízio de água desde janeiro de 2017.
Crise hídrica em São Paulo
No mesmo painel, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), falou como o estado superou a escassez de água em 2014. Há quatro anos, choveu na região metade do volume de chuvas que foi registrado em 1953. Até então, o ano era considerado o de maior seca do último século.
Na época, a Sabesp, companhia paulista de abastecimento, passou a puxar a água que ficava abaixo dos canos de captação, no chamado "volume morto", e reduziu a pressão nas bombas - o que fez com que partes da cidade ficassem desabastecidas. Também houve campanhas para a redução do consumo.
Em dezembro de 2015, com a volta das chuvas, o Cantareira saiu finalmente do "volume morto". O governo paulista atribuiu a crise à forte seca que atingiu a região, mas uma missão da ONU criticou as autoridades estaduais por "falta de investimentos e planejamento adequados".
Nos últimos anos, a situação das represas melhorou, mas especialistas afirmam que a possibilidade de uma nova crise segue presente.
Como medidas inovadoras para superação das dificuldades, Alckmin citou a redução da perda física de água, conseguida a partir de um financiamento ofertado pelo governo japonês. O valor foi aplicado na substituição da tubulação das cidades. “Com a mudança, SP está chegando ao nível europeu de perda d’água”, pontuou.
Fim da tributação
Sobre saneamento, Alckmin propôs o fim da tributação sobre a água e esgotamento sanitário. “Não tem sentido, governar é escolher”.
Na segunda (19), primeiro dia do Fórum Mundial da Água, o presidente Michel Temer afirmou que o governo federal trabalha em um projeto de lei cujo objetivo é "modernizar" o marco regulatório do saneamento básico. O presidente não detalhou a proposta nem informou quando pretende enviá-la ao Congresso Nacional
"Nossa atenção volta-se com muita naturalidade para o saneamento, em que tanto ainda resta por fazer. Nós estamos ultimando projeto de lei com vistas a modernizar nosso marco regulatório de saneamento e incentivar novos investimentos, o que nos move naturalmente a busca da universalização desse serviço básico", disse Temer.
Fórum Mundial da Água
A 8ª edição do Fórum Mundial da Água, que acontece entre 18 e 23 de março, em Brasília, no Estádio Nacional Mané Garrincha.
A Vila Cidadã, que vai funcionar até 23 de março, sempre das 9h às 22h, comatividades interativas e ainda exposições lúdicas, palestras, cinema ao ar livre e apresentações artísticas.
A vila terá um espaço de entretenimento e educação logo na entrada do evento, chamado de Avenida Olhos D’Água. Ao longo do trajeto, fotografias de grandes rios do planeta conduzirão a uma imersão no tema da água e sua importância para a manutenção da vida.
Ela terá também o Mercado de Soluções, um espaço com 60 experiências individuais ou comunitárias de diversas partes do mundo, todas relacionadas a boas práticas no uso da água.
O cinema exibirá filmes vindos de diferentes países que tenham relação com a água. Haverá sessões especiais montadas em quatro horários, nos dias 18 e 22 de março. Serão exibidos 18 longas e 25 curtas nacionais e estrangeiros com histórias que remetam à conservação e ao uso da água. Além disso, o Green Film Festival premiará os melhores longas e curtas apresentados, escolhidos por um júri internacional e também pelo público.
A vila terá ainda uma arena com capacidade para 300 pessoas, que abrigará conferências, apresentações e talk shows com convidados de várias nacionalidades.
O espaço Green Nation terá caráter educativo e interativo e contará com cenários imersivos, voltados para visitantes de todas as idades.
O Espaço Brasília contará com ampla programação de atividades para apresentar a cidade-sede do fórum.
A vila terá ainda um espaço para gastronomia, integração e descanso, chamado Água na Boca, com food trucks de diversas especialidades.
O fórum
O Fórum Mundial da Água acontece a cada três anos e é uma iniciativa do Conselho Mundial da Água, organização internacional com sede na França.
O evento é organizado no Brasil pelo Conselho Mundial da Água, pelo Ministério do Meio Ambiente, representado pela Agência Nacional das Águas, e pelo Governo do Distrito Federal, representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal.